Toda criança, em um momento da vida, se
depara com uma pergunta um tanto intimidadora: o que você vai ser quando
crescer? Se a criança responder que em seu futuro incerto exercerá qualquer
profissão de educação, gestão ou qualquer outra que, perante a sociedade, é
vista com bons olhos, tudo bem, está indo no caminho certo. Mas se ela disser
que quer ser uma popstar, estar na televisão ou viver aventuras sendo algum
super-herói, pessoas começarão repreende-las dizendo que tem que pensar melhor
no futuro.
Minha mãe sempre me dizia que o maior
orgulho dela seria que eu me tornasse um Doutor. Mas o que ela não sabia era
que quando eu entrava no banheiro, começava a criar histórias sobre aquilo que
via na TV. Por muitas vezes, eu criava finais diferentes para as mesmas
histórias. Divertia-me bastante assim, pois estava à procura de sair da minha
vida sem graça e viver várias coisas super legais.
Tudo começou, quando, num certo dia, uma
professora da escola fundamental foi a minha sala e solicitou que um menino descesse
até a sala de artes, pois ela precisava de ajuda. Sempre fui aquele menino
invisível que não participava de nada na escola. Pela primeira vez na vida senti
que devia fazer parte de alguma coisa. Então levantei o braço.
Quando uma professora de artes pede
ajuda para um aluno, você logo pensa que será algo relacionado sobre:
1) buscar tintas, papéis coloridos e giz
de cera no almoxarifado;
2) ajudar a transportar algo pesado para
outra sala;
3) qualquer outra coisa que não seja
participar de uma peça teatral.
Quando fiquei sabendo que a ajuda em
questão era porque o elenco para uma peça estava desfalcado, queria voltar
correndo e me esconder debaixo da minha carteira. Nunca, em toda minha vida, me
colocaria de frente a escola inteira para uma apresentação qualquer.
Tarde demais. Outra coisa que não fazia
além de me apresentar em público era desistir de algo. Palavra é palavra. Não
importa se meu coração batia acelerado, se minhas mãos estavam suando ou se meu
corpo estava todo frio. Não voltaria atrás.
Era a primeira vez que eu não sabia o
que fazer. Um menino tímido com 10 anos de idade que iria apresentar uma peça
de teatro para toda a escola. Detalhe: turno da manha e turno da tarde.
A peça chamava-se “Um óculos para
Luzia”, uma adaptação de um livro homônimo. Basicamente a história era de uma
menina que não estava enxergando bem e foi ao oftalmologista fazer um
exame. E eu seria o médico.
Não me lembro de como foi o processo
para a peça. Acredito que nem ensaiamos nem nada. Na apresentação a narradora
lia o livro e quando chegava às falas, ela passa o livro para cada ator.
Aparentemente isso não deveria ter sido
grande coisa. Cinco crianças na frente da escola inteira lendo um livro. Mas
para mim não era isso. Aqueles poucos minutos era eu sendo um médico. Um Doutor
como minha mãe sempre quis que eu fosse. Por poucos minutos aquele não era eu.
Minha mãe não gostou da ideia da peça,
pois ela teria que me levar à escola de manha e a tarde. Lembro que ela até me
xingou por ter me oferecido a participar. Mas não estava nem ai, estava
extasiado, absorto por causa daquele momento, pois estava me lembrando das
histórias que criava no banho. E tinha feito aqui fora do banheiro.
Foi o máximo. Eu tinha atuado e não
conseguia parar de pensar naquilo. Mas nunca contei a ninguém, afinal, ser
popstar, estar na televisão ou viver aventuras sendo algum super-herói, não era
um futuro bom.
Depois daquele dia comecei a me permitir
mais. Ainda era o menino tímido de sempre, mas uma cadeia dentro de mim fora destrancada.
Ainda no colégio, até me formar, eu apresentei mais três peças referente a
livros.
Quando no terceiro ano do ensino médio,
conheci uma garota que sempre quis ser atriz. Tendo este sentimento recíproco
começamos a pensar sobre começar a estudar teatro. Estava prestes há fazer 18
anos e pensava que era hora de fazer algo que realmente gostava.
Ela foi essencial para minha decisão.
Acho que se eu nunca tivesse conhecido a Dani, nunca teria feito teatro. Sempre
fui uma pessoa acomodada e que se não estiver com o caminho relativamente
traçado, não saía do lugar.
Entramos para uma escola de teatro e foi
neste momento em que tudo aconteceu. Certeza sobre o que eu queria ser quando
crescesse (mesmo já estando crescidinho).
É difícil não se lembrar da primeira vez
que pisei num palco com platéia. Esse momento me fez lembrar uma música, This is me da Demi Lovato.
Na música ela canta “que sempre foi o
tipo de garota que se escondia. Tinha medo de dizer as pessoas àquilo que ela
sempre queria dizer. Possuía um sonho que brilhava intensamente dentro dela,
mas que agora era hora de todos saberem disso.” A situação que ela se
encontrava, no filme Camp Rock, era
que sempre quis cantar, mas tinha medo de mostrar as pessoas essa parte dela.
Até que resolveu enfrentar seu medo e cantar para todos.
Este era o que eu senti durante minha
vida. Eu sabia o que queria ser. Sempre soube. Mas tinha medo de dizer isso.
Quando me perguntavam se eu já sabia em que eu iria me formar, sempre dizia que
ainda não havia decidido. Mentira. Já sabia, sim.
A
música ainda continua: “Isto é real. Esse sou eu. Eu estou exatamente onde eu
deveria estar. Agora deixarei a luz brilhar. Encontrei quem eu sou e não tem
como mais esconder isso. Não irei esconder quem quero ser. Esse sou eu”.
Esse sou eu. Encontrei-me nos palcos.
Nunca tive dúvida. Por mais que minha mãe só permitiu que eu estudasse teatro
se fizesse outro curso em paralelo.
Uma coisa que venho aprendendo nos
últimos anos é que o ator tem que aceitar quem ele é independente se alguém o
apoia. As artes em geral, no meio em que vivemos, serão vista como profissões incertas.
E que somente pessoas que aparecem na TV que conseguirão viver de arte.
1) As
famílias sempre dirão que você terá que fazer outro curso, pois quando você “acordar
para a realidade” terá pelo o menos um plano B em execução.
2) Os
amigos sempre te dirão para seguir seus sonhos, mesmo você não sendo ótimo
naquilo que faz.
3) Se
você ficar ouvindo no que sua família ou seus amigos dizem, você não irá
conseguir ser verdadeiro com você mesmo.
Quando digo que os amigos sempre dirão a
você para seguir seus sonhos. Não é algo ruim, pelo contrário. Sempre é bom ter
gente que nos apoia e acredita que somos capazes. Mas me refiro no sentido de
que, na maioria das vezes, os amigos não terão coragem de dizer que você
precisa melhorar. Com medo de nos machucar por estarmos fazendo algo que amamos
profundamente.
Eu como profissional, me preocupo sempre
em melhorar. Primeiro para mostrar a mim mesmo que sou capaz. Segundo para
mostrar a minha família que sou bom naquilo que escolhi como profissão.
Diante dos acontecimentos, eu sou aquele
que não procura por elogios. Acredito que o ser humano em si já é vaidoso o
suficiente em seu dia a dia. O ego nos atores é algo extremamente prejudicial. Fortaleço-me
com os pontos negativos. Adoro ouvir uma crítica construtiva, pois ainda estou
em formação. O ator sempre estará aprendendo, então não há motivos para eu
querer elogios.
O autoconhecimento é primordial para
aquele que quer seguir uma carreira. Saber onde está e projetar um caminho a
ser seguido. Acredito que isto pode acontecer se o ator tiver maturidade
durante esse processo.
Eu consigo hoje me ver no rumo certo. Estudando
e caminhando num caminho que eu escolhi. Sem família e amigos opinando em
minhas decisões. Consigo me ver claramente em cima de um palco, sem ego nenhum,
pois este sou eu.
Amanda está DESMAIADA
ResponderExcluirAmei a sua história! Muito inspiradora!
ResponderExcluirAcredito que qualquer pessoa pode ser o que quiser, basta focar e ir em frente firme!
Você está no caminho certo! ;)
sua historia e maravilhosa! tenho muito orgulho de vc vai em frente,siga seus sonhos estarei sempre com vc acredito no seu sucesso parabens meu filho ti amo muito ......................
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