13 julho 2012

Aconteceu em uma Sexta-Feira 13



Já era noite e devido à tempestade que caia, o bairro estava totalmente sem luz. A galera da escola resolveu se juntar na casa do Marcão para comemorar o seu aniversário, mas a chuva impediu que nossa diversão continuasse. Sem música ou bebidas gelada, ficamos sentados na sala esperando a luz voltar.
 –Não aguento mais ficar sentada aqui – reclama a Luiza se ajeitando no sofá. – Podíamos fazer alguma coisa para passar o tempo.
– Meio difícil fazer alguma coisa nesta situação Lu – digo sem ânimo.
– Por que não fazemos a brincadeira do copo? – propôs Vitor.
Todos se entreolharam, estava um pouco difícil de ver claramente a expressão de cada um. A luz emanada das poucas velas distribuídas no espaço foi o suficiente para perceber a tensão de todos. Não acredito nestas superstições. Não sou uma pessoa que se assusta fácil, mas prefiro não participar destas coisas que mexem com o sobrenatural.
– Eu topo! – aceitou o Marcão levantando-se do chão e indo em direção ao quarto. – Vou pegar tudo que precisamos para começarmos a jogar.
Quando Marcão saiu da sala, vi Marina congelar. A garota sempre fora a medrosa de todo o grupo, sabia que ela estava calada este tempo todo, porque estava com medo do escuro. Posso imaginar o que esteja passando pela sua cabeça, ainda mais agora depois desta conversa de jogo do copo.
Nunca participei desta brincadeira. Sei que este jogo serve como meio para comunicar com os espíritos, pelo o menos é o que dizem. Talvez isso seja somente usado para assustar as pessoas, talvez isso não seja real, não existe nenhuma forma de se comunicar com outra dimensão.
Marcão volta à sala e joga na mesa de centro, cartões com letras que ele havia pegado no quarto de sua irmã, colocou o copo que trouxe da cozinha no meio e escreveu as palavras ‘sim’ e ‘não’ cada uma em um papel diferente colocando-as em paralelo ao copo.
– Todos sabem como se joga? – Marcão pergunta.
– Tem certeza que querem fazer isso? Quero dizer, podemos arrumar alguma coisa divertida para passar o tempo.
– Estou com o Pedro, não acho uma boa ideia brincarmos com isso – finalmente Marina se manifestou, concordando comigo.
– Parem com isso galera. É só um jogo, nada de ruim vai acontecer.
Não me senti seguro com as palavras do Fernando, é claro que todos eles estavam levando isto na brincadeira, afinal, quem nunca brincou disso pelo o menos uma vez na vida? Eu. Minha vontade era sair daquela sala antes deles começarem, mas a chuva ainda estava forte lá fora. Todos saíram de seus lugares e se sentaram em volta da mesa já arrumada.
– Coloquem um dedo por cima do copo cada um de vocês, vamos começar a jogar.
– Eu pergunto – Luiza estava toda animada com o início do jogo, acho que só Marina e eu estávamos preocupados com o que poderia acontecer. – Tem alguém ai?
Marina fecha os olhos quando a Lu fez a pergunta, me coração acelera. O copo não se move, fica instável. Todos se entreolham, fico feliz pelo copo não ter se mexido. Luiza estava intrigada, então refez a pergunta com mais força “Tem alguém aí?”.
O copo começa a se mover lentamente, meu coração bate mais rápido. Marina apertava seus olhos com muita força. O copo se movimentava pela mesa, meu dedo que estava por cima começou a tremer, não estava fazendo força e nem estava empurrando o copo. Ele se movia, lentamente, em direção ao “sim”.
– Parem! – gritou Marina se levantando. – Isto é ridículo, não somos mais crianças para brincarmos com este jogo estúpido.
– Calma Nina, estamos só nos divertindo. Se você estiver com medo, pode ficar no sofá.
– Fernando, eu não estou com medo. Eu... Só não estou a fim de participar disso.
Enquanto todos estavam distraídos ouvindo a discussão entre Marina e Fernando, me voltei para olhar a mesa. Realmente era uma estupidez o que estávamos fazendo. De repende meu coração começa a disparar, a bater bem rápido enquanto eu via o copo se mover sozinho. Não tinha forças para gritar, mas minha expressão chamou a atenção de Luiza que se virou em direção para onde meus olhos apontavam. Não havia nenhum dedo por cima do copo, e ele se movia. Como isso era possível?
– Quem está ai? – Pergunta Luiza com medo em sua voz.
O copo começa a se mover em direção as letras espalhadas pela mesa. O copo vai se dirigindo as letras. Quando ele finalmente para, meus olhos se arregalam não acreditando no que vi. Morte. Ele disse que era a morte quem estava ali na sala com todos nós.
Todos estavam olhando aquilo, via em seus olhos o medo aparecendo. Marina, que estava aterrorizada, não se hesita em sair pela porta correndo, mas quando ela chega próximo dela, a porta se fecha sozinha.
– O que você quer? – Ela grita em pânico.
“Sangue” escreve o copo.
A partir desde momento, não me lembro do que aconteceu ao certo. Marina começou a gritar e bater na porta. A janela que estava trancada se abriu abruptamente, uma ventania começou a entrar pela sala. Eu queria fazer alguma coisa, mas não conseguia. Marcão que estava inerte pelo que estava acontecendo, vai em direção à janela tentando fechá-la. Ventava muito na sala, o vento levou os cartões das letras que estava por cima da mesa. Sangue. Lembro-me do que a morte havia dito o que queria.
Sangue. Sangue. Sangue.
Fiquei repetindo esta palavra em minha cabeça por muito tempo. Quando virei minha atenção para Marina, ela estava parada no meio da sala. Parecia que ela estava hipnotizada, percebi que ela segurava nas mãos o copo que usamos no jogo. Queria gritar seu nome, mas não consegui. Ela havia quebrado o copo na mesa. Sangue. Novamente me recordo do que a morte disse o que queria, tentei me levantar, mas não consegui. Havia uma força me segurando para que eu não pudesse levantar para impedi-la de fazer o que eu imaginava que seria capaz.
Marina não piscava, estava em transe. Vi que seus olhos estavam totalmente negros. Finalmente entendi, a morte havia possuído o seu corpo. Não era mais a Marina que estava ali naquela sala. Era a Morte. Vi ela matar cada um que estava naquela sala. Vi o sangue que ela tanto queria se espalhar pelo chão. Vi quando ela me olhou e cravou o copo em seu pescoço.
O ventou havia parado, a chuva também.
Todos que estavam ali comigo estavam mortos, estava assustado de mais para chorar pela perda dos meus amigos. Todos estavam mortos e somente eu saíra vivo, mas por quê? Porque eu estava vivo? Porque a morte não me levou?
 O motivo eu não sabia, me sinto estranho. Sentia meu corpo formigando. Virei-me e olhei meu reflexo no espelho da parede, vi meus olhos ficarem negros. Não havia como fugir, era tarde de mais. A morte estava dentro de mim.

Um comentário:

  1. Posso correr para debaixo da cama agora? kkkkk
    A.D.O.R.E.I
    Ótima forma de comemorar a sexta-feira 13.
    Tem continuação? Já que a 'morte' possuiu o Pedro... se tiver quero ler, mas espero que não seja na próxima SF13 kkkk

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