Amanheceu. O sol já estava emanando o seu calor brando da
manhã, o seu brilho trouxera para meus olhos desconforto, não conseguindo
abri-los. Aguardando alguns segundos até que me sinta confortável para arriscar
a descobrir onde eu estou, permaneço imóvel buscando em minha mente os últimos
acontecimentos, não me recordo do que aconteceu na noite passada, não posso
acreditar na hipótese de que meus amigos estejam mortos.
Após deixar a casa do Marcão, comecei a caminhar sem destino,
estava exausto, mas não conseguia parar. Minhas pernas não obedeciam ao meu
comando, caminhei por toda a noite, e quando ameaçou amanhecer, não me recordo
de mais nada.
Deitado no chão, eu faço com as mãos uma proteção para os
olhos. Tento observar em minha volta, para reconhecer a minha localidade. Não
faço ideia de onde eu esteja. Levanto-me com certa dificuldade, cambaleando. De
pé, percebo que o lugar onde estou é um campo abandonado, amplo e vasto, sem
nenhuma vegetação.
Ao final do campo percebia-se um matagal, me dispus a dar o
primeiro passo. Estou fraco. Meus pés movem lentamente, mas aos poucos vou
ganhando velocidade atravessando o campo em rumo ao meu destino. Comecei a
ouvir passos rápidos e ruídos do qual não conseguia distinguir a medida que me
aproximava do matagal. Quanto mais próximo, mais altos eram os ruídos. Agora,
estando cara a cara com a entrada para matagal, gelo ao perceber que ele é
escuro e nebuloso. Ao dar o primeiro passo dentro do matagal obscuro, percebo
que não ouvia mais os ruídos. Meu corpo estava gelado, sentia a tensão distribuída
por todas as partes do meu corpo, cada partitura rígida me trazia um pressentimento
de que não estava seguro ao entrar ali.
Andando por um caminho estreito devido os arvoredos mal distribuídos,
desviava de direção constantemente levando-me a ficar perdido. Dificilmente
conseguia distinguir se já havia estado ali antes, ou passado por aquele outro
caminho. Decido marcar nos trocos velhos e secos, desenhos para marcar o que já
percorrido.
“Você tem que seguir os seus extintos, Pedro”, podia imaginar
Marina me dizendo, “Feche os olhos, seja sensato e busque a saída deste lugar”,
terminava. Como eu poderia seguir os conselhos de Marina, ela estava morta e eu
não fiz nada, fique ali, assistindo enquanto todos morriam. Foi quando voltei a
ouvir os passos rápidos. Olhava por todos os lados, mas não percebia de onde
vinham, parecia que estava por todos os lados.
Sentia que o que fosse isto, estava se aproximando. Comecei a
correr desesperadamente. Não via mais as árvores onde havia marcado como
caminho já percorrido. Desviando para não trombar com os obstáculos no meu
caminho, quando cheguei à clareira, local desmoitado e cercado pelo matagal.
Não havia como mais fugir, toda a clareira estava cercada.
Não conseguia ver quem era ou o que, estavam escondidos nas penumbras das
árvores.
– Quem são vocês? O que querem? – comecei a
gritar, estava cansado e não conseguia mais correr. Os ruídos começaram a ecoar
novamente pelas árvores a fora. O som era ensurdecedor, sem nenhuma harmonia,
tampei meus ouvidos com as mãos para abafar o barulho. Fraco no chão, entre as
árvores saíram seres diabólicos. Fantasmas sedentos de escuridão procurando por
carnificina. Suas peles podres, lembrando a morte. Suas vestimentas corrompidas,
arrastando pelo chão.
Meu corpo doía, não sobrava nenhuma força para que pudesse
lutar contra aqueles seres. Eles sugavam de mim toda a vida que existia em meu
ser e no seu lugar, colocavam as trevas do qual não conseguia evitar.
CONTINUA...
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