27 maio 2012

MANUAL de Bolso do Novo Escritor - Quero Escrever um Livro, O Que Faço? #PARTE 1

Como estamos Senhores Zazuleigadores? Eu estou com muita vontade de escrever um livro, então resolvi sair e perguntar para os escritores com livros já publicados, dicas para que eu poça criar um 'MANUAL DE BOLSO PARA NOVOS ESCRITORES'. Este manual servirá como um 'guia' para todos aqueles que quiserem se aventurar no mundo literário e escrever suas próprias histórias.

A primeira pessoa que nos deu a honra de dividir todo conhecimento adquirido e usado para escrever 'Equinócio' foi a lindíssima Lu Piras, cujo texto será dividido em duas partes (pois a garota escreve muiiito). Quando fiz o convite, não hesitou em dizer sim, o tema recebido pela mesma foi "Quero escrever um livro, o que faço?". Sem mais delongas, vamos ao nosso primeiro capítulo do nosso manual.
Olá leitores do CZ!

Eu sou a Lu Piras, autora do romance Equinócio que será lançado pela Editora Dracaena em Junho. Alguns de vocês provavelmente já me conhecem da blogosfera literária, das redes sociais, onde faço uma campanha de divulgação bastante massiva sobre o livro. Campanha essa que levou Equinócio ao conhecimento do nosso universo de leitores e garantiu a sua publicação!

Recebi o convite especial do querido Axwell Godoi para inaugurar esta coluna e não pensei duas vezes em aceitar. Achei a ideia genial. A temática é interessante não só para quem quer escrever um livro, também para quem gosta de livros e se interessa pelo mercado editorial aqui no Brasil. Há muito assunto para conversarmos e eu não consigo escrever pouco, então vou passar das apresentações para o tema propriamente dito.

Confesso que fiquei em dúvida de como abordar um tema tão vasto em apenas um post. Para abranger o máximo de informação e facilitar o entendimento de vocês (já escritores, candidatos a escritores ou apenas curiosos), dividi o tema em duas partes: Concepção e Publicação. Na primeira parte, em linhas gerais, procurei traçar o perfil de um escritor e questionar você sobre o que realmente pretende ao escrever um livro, se realmente quer escrever, se escrever é a sua vocação e está disposto a essa entrega. Na segunda parte, de forma mais prática, em sintetizei o processo de publicação, de como enviar seus originais e o que esperar das editoras.

1ª PARTE: CONCEPÇÃO
IDEIA: Uma boa ideia não surge do nada. Eu parto do princípio que se você quer escrever, você gosta de escrever. E, se gosta de escrever, gosta de ler. Para transmitir em palavras as nossas ideias precisamos de um enredo, de saber contá-lo e, consequentemente, capturar, envolver, conquistar o leitor. Quando lemos, cultivamos as ideias, estimulamos a nossa imaginação, praticamos a interpretação e sonhamos mais. Tudo isso é muito importante para compor um enredo. Se você é um bom leitor e tem cabeça sempre pipocando de ideias, já pode passar para a etapa seguinte.

VOCAÇÃO: Tenha em mente que escrever é uma vocação. Uma vocação como a de um pintor, um desenhista, um escultor, um músico, um arquiteto. Escrever é uma forma de arte, é a manifestação da nossa imaginação, é traduzir em palavras uma continuidade de nós, é deixa-se dominar pelas palavras. Se você tem a vocação e uma boa ideia, mas não sabe como transmitir, ou até sabe transmitir, mas sente insegurança quanto à melhor forma de fazê-lo, você precisa praticar. Nem sempre a primeira história que você colocar no papel será “a história”. Nem sempre o primeiro livro será “o livro”. O importante é que você pratique, que escreva muito sem compromisso. Quanto tiver uma ideia, trate de escrever sobre ela. Trate de trabalhá-la, se construí-la e desconstruí-la. Talvez daí surja “o livro”, talvez não. O importante é dedicar-se. A dedicação acontece de forma natural quando temos a vocação.

PRATICANDO: Encare o ato de escrever como um trabalho. É preciso ter organização, disciplina, comprometimento. O ideal é escrever todos os dias, mesmo naqueles em que tiver preguiça por achar que a inspiração fugiu. A inspiração nunca foge, ela pode é estar escondidinha sob os problemas do dia a dia. Por isso, se você estiver num dia difícil em que as ideias parecem ter fugido, não desista, não deixe para o dia seguinte: simplesmente insista. Sente-se no seu canto preferido (aquele que você escolheu para ser o seu cantinho de escritor – o meu é ao lado da janela do meu quarto, numa escrivaninha fofa) e fique olhando para a tela do seu computador ou para a sua folha de papel em branco. Rabisque à vontade até sentir que a concentração chegou. Ouça aquelas músicas que podem criar uma ambiência para a sua história. Em algum momento as ideias chegam e, de repente, você já estará escrevendo. Pode ser que no dia seguinte você leia o que escreveu, não goste e queira mudar tudo. Tudo bem! Você avançou. Pode ter escrito apenas um parágrafo, uma página ou não ter escrito sequer uma frase, mas você não se deixou bloquear, as ideias fluíram e você pensou sobre elas. Isso é produzir, isso também é escrever.

Às vezes acontece de uma ideia surgir em momentos não muito oportunos. Como num Shopping Center, por exemplo (aconteceu comigo!). Neste caso (no meu caso), eu tinha meu celular à mão e foi o instrumento que usei para registrar a minha ideia antes de esquecê-la. Sim, a gente esquece mesmo. Por isso, se a ideia surgir assim que você se deitou para dormir, não seja preguiçoso, levante-se e escreva. Você vai aprender a carregar sempre um bloquinho e uma caneta com você. Anotar as ideias, mesmo que você depois se perca nas anotações, é uma prática muito importante. O “grande diálogo”, aquela “cena perfeita” pode surgir de repente e você precisa estar sempre preparado para anotar.

ESTILO DA NARRATIVAPartindo do pressuposto que você escolheu seu tema, já escreveu até uma sinopse sobre ele. É preciso avaliar se o tema se encaixa melhor numa narrativa em primeira pessoa (em que o protagonista narra a história) ou em terceira pessoa (um observador, um personagem relata os fatos). Se você quer contar a história no passado, se vai usar feedbacks, se vai escrever no presente. Definir esses pontos vai determinar o seu estilo e a estrutura do seu texto. Não existe uma regra. Analise, pondere, busque livros com cujos estilos de narrativa você se identificou e se baseie neles. Você é o autor, você faz a regra. Não há receitas nem fórmulas.

BRAINSTORM: Você prefere começar fazendo uma grande sinopse do enredo? Você prefere apenas traçar as personalidades dos personagens e a partir daí definir o rumo dos acontecimentos? Você prefere começar pelo fim? Você prefere escrever algumas cenas e depois preencher os espaços entre elas? Não importa como você comece, contanto que não esqueça a coesão e a harmonia da história. Isto é, o equilíbrio do começo-meio-fim. Este é um ponto técnico e existem muitos entendimentos sobre a técnica de escrever, até por que o autor é livre para escolher o seu equilíbrio, obedecendo ao encadeamento de fatos que planejou na sua história. Esse planejamento dependerá do brainstorm que foi feito neste começo. Por isso, pense na melhor maneira de começar antes de começar.

REVISÃO: Revisão é parte fundamental do processo. Para mim, a parte mais dolorosa porque é quando nos deparamos com o trabalho já pronto e aparentemente perfeitinho para nós, mas não pronto para o público. Para estar pronto para o público, ou seja, comercializável, é preciso adequá-lo às normas do novo acordo ortográfico, cortar os excessos, aparar arestas, modificar o que estiver soando estranho à leitura em alta voz, talvez ouvir a opinião de alguém de sua confiança (de preferência, alguém que se inclua no público-alvo do seu gênero literário). A primeira coisa a fazer na revisão é imprimir o texto. No papel os erros ressaltam. Releia tudo e faça as correções nas margens. Tenha um bom dicionário ao seu lado. Uma dúvida, por menor que seja, tem que ser esclarecida. Você precisa ter certeza. Se estiver trabalhando no computador, o MS Word tem ótimas ferramentas de revisão e correção. Não tenha preguiça de ler e reler quantas vezes forem necessárias. É claro que você sempre vai encontrar algo para mudar, afinal, você quer o seu texto perfeito, redondinho. Eu garanto que chegará o momento em que olhará para ele e saberá a hora de parar. Sabe que Ernest Hemingway reescreveu trinta vezes o último parágrafo de seu livro “Adeus às Armas” até ficar satisfeito? Pois é. Console-se e tome-o por exemplo. Sem dúvida, um bom exemplo. Escrever é praticar e persistir.


LEIA A PARTE 2 DAS DICAS DE LU PIRAS (AQUI)

Lu Piras nasceu em 1980, no Rio de Janeiro e é advogada. Desde pequena tinha adoração por livros. Adorava a feirinha de livros que havia todo o ano no colégio onde estudou em Botafogo. Ficava na fila para conseguir autógrafos de livros que ainda hoje guarda com carinho. Literatura fantástica é a sua preferida. Especialmente aquelas destinadas ao público chick lit, romances cor de rosa! Essa paixão a levou a escrever seu primeiro romance aos 15 anos. Chama-se "A Rosa".
Em 2009 decidiu recomeçar. Começou a escrever a série Equinócio neste mesmo ano e o fez com tanto prazer, que em sete meses os quatro livros estavam terminados.

Texto de
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2 comentários:

  1. oi,
    otimo post!
    adorei seu blog, curti no face
    estou te seguindo, segue o meu tambem
    http://lostgirlygirl.blogspot.com.br/

    bjos

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  2. Uau! Fiquei sem folego kkkk
    Nossa Lu, adorei este post. As dicas são ótimas.
    Eu não tenho um pensamento de escrever um livro, mas se um dia eu chegar a ter esta ideia. Só não entendi a parte do Brainstorm....
    Axwell adorei a ideia.

    Beijos.

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