16 janeiro 2014

LER OU NÃO LER, EIS A QUESTÃO.

Quando você ganha duas semanas de férias, você não pensa outra coisa se não ir para um lugar onde possa passar os próximos 14 dias, ou às 336 horas ou os 20.160 minutos, deleitando-se com bons livros em sua volta.

Bom, se eu quero passar todo meu tempo disponível lendo, o que tem de errado nisso?

– Ler demais faz mal, Axwell!

– Peraí, tio. Onde o senhor ouviu isso? Não tem nada a ver. Ler faz muito bem para a saúde.

­– Nem sempre! – indagou. Quando você lê mais do que o necessário, acaba confundido realidade com fantasia.

Parei para pensar. Será que realmente isso poderia ser possível? Nunca ouvira falar que ler fazia mal nem conheci alguém que sofrera disso. E é praticamente impossível confundir a realidade com fantasia, sei distinguir muito bem isso...

– Por exemplo, você nem sai mais durante o dia ­– disse meu tio interrompendo meus pensamentos. – E pergunta, todos os dias, se chegou uma carta para você de uma escola da qual nunca ouvi falar.

– Primeiro, eu esqueci meu protetor solar em casa. Como minha pele é sensível, não posso dar bandeira por ai. Segundo, eu posso ter exagerado um pouco dizendo que uma coruja entregaria a carta, mas eu realmente estou esperando a resposta da faculdade. Mas isso não justifica nada.

Meu tio olhou-me com olhos de ataque. Engoliu seco como se estivesse engolindo palavras não ditas. Diante disso, levantou e saiu da sala.

Fiquei sozinho tempo suficiente para pensar. É impossível alguém passar mal por ler livro. Reconheço que não conseguia parar de ler um segundo sequer, mas a história era realmente boa.

Será que eu estava doente?

Talvez eu nunca soubesse a resposta.

Quando dei por mim já era tarde, não estava com sono e todos já haviam se deitado. Peguei meu casaco e sai para caminhar pela cidade gélida. Segurava o livro que causara toda paranoia em minha cabeça. Eu tinha que tomar alguma providencia.

Meus pés já estavam doloridos de tanto caminhar quando desisti de achar uma solução para isso naquele momento. E prometi a mim mesmo que sairia em busca de respostas. Era um caminho que eu deveria seguir sozinho. Não poderia levar o livro que encontrava-se em minhas mãos.

Só havia um lugar onde eu poderia deixá-lo sem que ninguém o pegasse. Só esse lugar poderia protegê-lo de qualquer coisa.

Já sabia para onde ir.

Dei meia volta e segui em direção ao cemitério dos livros esquecidos.

2 comentários:

  1. Oi! ^^
    Gostei do texto!
    Não sei porque tem gente que se incomoda com quem "lê demais" (se é que existe tal coisa), mas tem.
    Acho que não dá pra confundir fantasia com realidade. Na verdade ler te dá mais esperanças que talvez o "tudo" não seja apenas o que vemos e vivemos. Talvez os escritores ficaram sabendo de algo a mais e estejam tentando nos contar. Para tirar a dúvida, só lendo! ;)

    Beijusss;
    http://hipercriativa.blogspot.com.br/

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